
No mundo do transporte rodoviário de cargas, onde a segurança é um fator primordial, as gerenciadoras de risco desempenham um papel essencial. No entanto, a falta de transparência nos seus cadastros tem impactado diretamente a vida de muitos caminhoneiros, resultando na perda de oportunidades de trabalho sem explicações claras. O que acontece quando um profissional do volante, com anos de experiência e sem histórico negativo, se vê impossibilitado de carregar por causa de um “perfil divergente”?
O problema enfrentado pelos caminhoneiros
Muitos motoristas autônomos, empregados e pequenas transportadoras estão enfrentando dificuldades para conseguir fretes devido à recusa de gerenciadoras de risco em aprovar seus perfis. Isso acontece sem que lhes seja dada a devida justificativa ou a oportunidade de corrigir qualquer possível inconsistência no cadastro. As transportadoras, por sua vez, dependem dessas avaliações para liberar cargas, o que significa que um caminhoneiro com “perfil divergente” simplesmente não consegue trabalho.
A questão central é: por que a informação sobre o motivo do bloqueio não é fornecida ao motorista? Afinal, se um profissional tem sua reputação e sustento comprometidos por um sistema de avaliação, ele tem o direito de saber os motivos e buscar a correção do problema.
Violação de direitos e o abuso das gerenciadoras de risco
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) garante a qualquer cidadão o direito de acessar seus dados pessoais, solicitar correções e entender como essas informações são utilizadas. No entanto, as gerenciadoras de risco, ao classificarem motoristas como “perfil divergente” sem explicação, violam claramente essa legislação.
Impactos na vida dos motoristas
Para muitos caminhoneiros, ser reprovado por uma gerenciadora de risco significa a impossibilidade de trabalhar. Como essas empresas dominam o mercado, o bloqueio do cadastro pode representar a ruína financeira de um profissional. Imagine um motorista que investiu na compra de um caminhão financiado e, de repente, não consegue mais carregar simplesmente porque uma análise oculta o classificou como “não recomendado”.
Esse cenário não é fictício. Diversos processos judiciais vêm sendo movidos contra gerenciadoras de risco para garantir o acesso à informação e, em muitos casos, obter indenizações por danos morais e materiais. Há relatos de motoristas que tentaram todas as vias administrativas possíveis para regularizar sua situação, mas foram ignorados, obrigando-os a recorrer ao Judiciário.
A solução: mais transparência e respeito ao caminhoneiro
As gerenciadoras de risco precisam adotar práticas mais transparentes e garantir que os caminhoneiros tenham acesso às suas informações. Algumas ações fundamentais seriam:
Disponibilizar os motivos do bloqueio – O motorista tem o direito de saber o que gerou sua reprovação e como pode corrigir eventuais problemas.
Criar um canal eficaz de contestação – É essencial que os caminhoneiros tenham um meio direto e eficiente para esclarecer dúvidas e regularizar seu cadastro.
Respeitar a LGPD – Toda empresa que trata dados pessoais precisa garantir o direito de acesso e correção ao titular desses dados.
Evitar critérios arbitrários – Se um motorista tem experiência, bons antecedentes e nunca causou prejuízos, não há justificativa para impedi-lo de trabalhar.
Os caminhoneiros são a espinha dorsal do transporte no Brasil, garantindo que mercadorias cheguem ao seu destino em todos os cantos do país. Não é justo que sejam penalizados por sistemas opacos e injustos, que ferem seus direitos e afetam diretamente seu sustento. A luta pela transparência nas gerenciadoras de risco não é apenas uma questão legal, mas uma questão de justiça e dignidade para aqueles que movem o Brasil sobre rodas.
Se você, caminhoneiro, já passou por essa situação ou conhece alguém que enfrenta esse problema, compartilhe sua história e ajude a divulgar essa causa. A informação é o primeiro passo para a mudança!
Artigo de Miriam Ranalli, Advogada com ampla experiência profissional na área de Transportes e Tributário. Demais esclarecimentos no Whatsapp (041) 98802-1745.
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